25/08/2011
Emile Durkheim 1858-1917
Durkheim considerava as ideias de Comte especulativas e vagas, justificando o seu insucesso. Segundo Durkheim, para se tornar científica, a Sociologia teria de estudar factos sociais, aspectos da vida social que moldam as nossas acções enquanto indivíduos, como por exemplo a situação económica e a religião. Durkheim acreditava que devemos estudar a vida social com a mesma objectividade com que os cientistas estudam o mundo natural. Daí o seu famoso princípio básico da Sociologia: “estudar os factos sociais como coisas”, desligados dos sujeitos conscientes que deles têm representações. Queria isso dizer que a vida social podia ser analisada com o rigor com que se analisam objectos ou fenómenos da natureza.
Entre os seus estudos mais famosos encontra-se a análise do suicídio, onde demonstrou que os factores sociais exercem uma influência determinante sobre o comportamento dos indivíduos. Caracterizou o suicídio egoísta, o suicídio anómico e o suicídio altruísta, deixando a tipologia em aberto para responder a outro género de causas.
Nasceu em Epinal, na Lorena (1958), de uma família rabínica hebraica. Frequentou em Paris, a partir de 1879, a Escola Normal Superior, onde teve como professores Fustel de Coulanges e Emile Boutroux, e entre os condiscípulos Bergson, Blondel e Jaures, que chegou mesmo a ser seu companheiro de pensão.
Influenciado por Comte, Spencer e Renouvier, estudou na Alemanha ciência positiva da moral (1885-86), tendo publicado no regresso alguns primeiros artigos na Revue Philosophique sobre a filosofia moral e as ciências sociais na Alemanha.
Em 1887 ocupa em Bordéus a cadeira de Pedagogia onde começa a reger os seus cursos de marcado pendor sociológico, e aí permanece durante 15 anos, vindo a apresentar como tese de doutoramento A divisão do trabalho social (1893) e como prova complementar A contribuição de Montesquieu para a constituição da ciência social. Funda a revista L’Année sociologique (1896), que se tornará no grande órgão de expressão da sua escola, onde se iniciarão muitos dos seus discípulos: Bouglé, Fauconnet, Marcel Mauss que mais tarde cuidarão da publicação das suas obras póstumas.
Transfere-se para Paris (1902), onde lhe é entregue a cátedra de Ciência da Educação da Sorbonne. Em 1906 é titular dessa cadeira que, em 1913, passa a chamar-se de Sociologia.
Mas em 1915 morre na guerra o seu único filho, na frente de Salónica. Entristecido e envelhecido prematuramente, vem a morrer em 1917.
Principais obras:
- Sobre a divisão do trabalho (1893):
- As regras do método sociológico (1895);
- O Suicídio (1897);
- As formas elementares da vida religiosa (1912);
- A Alemanha acima de tudo: a mentalidade alemã e a guerra (1916);
- Educação e Sociologia (1922);
- Sociologia e Filosofia (1924);
- A educação moral (1925);
- O socialismo (1928);
- A evolução pedagógica em França (1938);
- Lições de Sociologia (1950);
- Montesquieu e Rousseau (1953);
- Pragmatismo e Sociologia (1955);
- Diário sociológico (1969);
- A ciência social e a acção (1970);
... e três volumes de Textos.
Citações
O homem não pode viver no meio das coisas sem fazer delas ideias segundo as quais regula o seu comportamento. Mas como essas noções estão mais próximas de nós e mais ao nosso alcance do que as realidades a que correspondem, tendemos naturalmente a substituí-las a estas últimas e a fazer delas a própria matéria das nossas especulações. Em vez de observar as coisas, de as descrever, de as comparar, contentamo-nos em tomar consciência das nossas ideias, em analisá-las, em combiná-las. Em vez de uma ciência de realidades, não fazemos senão uma mera análise ideológica.
Os factos sociais devem ser considerados como coisas.
Referências
CRUZ, M. Braga, (2001:299-300), Teorias Sociológicas – Os Fundadores e os Clássicos (Antologia de Textos), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
DURKHEIM, Émile, (2007), O Suicídio – Estudo Sociológico, Editorial Presença, Barcarena.
DURKHEIM, Emile, (1895), As Regras do Método Sociológico, Acedido em Agosto de 2011
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